Uma “viagem” pela Ortodontia
“Viagem pela Ortodontia” foi o mote para o XXX Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO), que decorreu entre 24 e 26 de outubro no Centro de Congressos do Super Bock Arena-Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Em declarações à Saúde Oral, Helena Agostinho, presidente da SPO, apresentou o encontro e explicou que este conceito de viagem pela Ortodontia surgiu com o objetivo de “abordar as várias etapas do tratamento ortodôntico e, dentro dessas etapas, as várias técnicas envolvidas” na resolução de um leque alargado de casos clínicos, dos mais simples aos mais desafiantes.
Assim sendo, foram abordados temas que vão desde a Ortodontia com brackets convencionais, com brackets autoligados, o tratamento com alinhadores, bem como “a relação entre a Ortodontia e as outras áreas da medicina dentária, nomeadamente a Periodontologia, a harmonização facial, a cirurgia ortognática”, enumerou a Helena Agostinho, sem nunca esquecer que o sucesso terapêutico começa sempre com “o primeiro passo que é o poder, enquanto profissionais, de fazer o correto diagnóstico clínico”.
E numa altura em que os avanços tecnológicos, nomeadamente a incorporação crescente da inteligência artificial na prática clínica, começam a transformar a forma como se faz o diagnóstico, a presidente da SPO considera fundamental sublinhar que todas essas ferramentas, enquanto meios complementares ou auxiliares de diagnósticos, são importantes, “mas temos de ter sempre o foco no doente à nossa frente”.
Segundo palavras da presidente, “temos as melhores máquinas de imagiologia e de inteligência artificial, mas não podemos esquecer que o doente é uma pessoa e nós somos médicos dentistas com uma prioridade: o doente. É muito importante termos essas ferramentas para nos ajudar, mas não nos podemos esquecer que o diagnóstico é nosso e, enquanto profissionais, nada substitui o olho do clínico”.
Afinal, dar esse primeiro passo de forma sustentada é meio caminho percorrido para atingir os objetivos de qualquer tratamento, que passam sempre pela preservação da estética, mas, sobretudo, “da função e da estabilidade de todas as estruturas orofaciais”, acrescenta.
Um programa recheado de formação e informação
A ordem de trabalhos desta 30.ª reunião magna da SPO começou logo na quinta-feira, dia 24, com os cursos pré-congresso que têm por missão “incrementar a previsibilidade do tratamento com os alinhadores e também iremos debater soluções digitais no tratamento de casos complexos”, temas entregues respetivamente a Enzo Pasciuti, ortodontista e professor Universidade de Roma Tor Vergata, em Itália, e a Ramon Mompell, especialista do Departamento de Ortodontia, Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) nos Estados Unidos da América.
O programa de sexta-feira e sábado contemplou conferências sobre a utilização de alinhadores em adultos, por Enzo Pasciuti, e também o tratamento com alinhadores em crianças, com intervenções de Gemma López Ruiz, Pedro Costa Monteiro, Soraia Oliveira e Elena Cervino.
Ágata Carvalho e Bilal Koleilat, especialista em Ortodontia do Líbano, abordaram os mais recentes avanços na utilização de brackets e os temas relacionados com o tratamento cirúrgico e ancoragem esquelética foram entregues a Pedro Dominguez, Martín Pedernera, Francisco Azevedo Coutinho, Carlos Faria e Teresa Pinho.
Constanza Cuadrado, especialista em Ortodontia invisível a trabalhar em Madrid, veio ao encontro falar da utilização de alinhadores em pacientes periodontais, enquanto Andrea Bono e Alex Bayona trazem a abordagem à disfunção da articulação temporomandibular (ATM).
A harmonização facial e as mais-valias que pode trazer para os doentes foi o tema da conferência de Sofia Lopes, enquanto Cristina Teixeira irá falar sobre a abordagem ao doente com reabsorção radicular externa.
Helena Agostinho também participou como conferencista com uma palestra sobre o tema “Back to the future: O poder do diagnóstico clínico…Na era do digital”.
A presidente da SPO manifestou como vontade, perante o programa diversificado, que “no final do congresso as pessoas saiam mais elucidadas e possam ter uma maior liberdade de pensamento em relação às ferramentas diagnósticas disponíveis e à panóplia de tratamentos que existem para dar o melhor tratamento aos doentes”, rematou.
Quarta-feira, 06 Novembro 2024 16:36